(Eron Vaz Mattos - Luiz Marenco)
Meu verso não tem costeio mas tem alma de Tahã
Cor de cinza e picumã que se perde céu acima
Troca de pluma reanima faz ninho empeça postura
Chocando alma e lonjura pra descascar uma rima
Tem feições de cardo e tuna em meio a campos floridos
E nos acordes sentidos com primavera nas mãos
Libera a voz da emoção com ressabios e segredos
E o que me falta nos dedos, me sobra no coração
Deixar rastos e milongas sinais de cascos e esporas
É como semear Rio Grande vida à dentro, campo à fora
Vida à dentro, campo à fora
Meu canto é parte de mim, anda comigo à cavalo
Por entre domas e pealos em tropas ou recorridas
Com esperanças perdidas e saudades mal domadas
Com cicatrizes lavradas dos esporaços da vida
Por isso tenho milongas entranhadas no meu ser
E poucos hão de entender que meu verso pêlo duro
Abre rasto prá o futuro, sesteia em sombras de molhos
E guarda luas nos olhos para enxergar no escuro
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